O acidente da Boeing em 2019: O que deu errado?

Em 10 de março de 2019, o voo 302 da Ethiopian Airlines caiu pouco depois de decolar de Addis Ababa, matando todas as 157 pessoas a bordo. Esse acidente aconteceu apenas cinco meses depois de outro acidente envolvendo um avião 737 MAX 8 da Lion Air, na Indonésia, que matou todas as 189 pessoas a bordo. A causa desses dois desastres parecia ser a mesma: o software MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System), que foi projetado para impedir que o avião entrasse em uma situação de estol (perda de sustentação). No entanto, esse software pode ter sinalizado erroneamente a necessidade de um aumento de ângulo de inclinação da aeronave, levando-a a mergulhar em direção ao solo.

O problema do MCAS não foi o único fator que contribuiu para esses acidentes. A falta de transparência da Boeing em relação a esse sistema e a sua comunicação inadequada sobre o mesmo com pilotos e reguladores foi um grande agravante para essas tragédias. Houve também relatos de que a Boeing teria pressionado a Agência Federal de Aviação dos EUA (FAA) para acelerar o processo de certificação do 737 MAX, reduzindo a quantidade de treinamento necessário para os pilotos da aeronave.

Depois desses incidentes, todas as aeronaves 737 MAX foram proibidas de voar em todo o mundo. A Boeing imediatamente começou a trabalhar em uma atualização do software do MCAS, que agora leva em consideração dados provenientes de dois sensores, em vez de apenas um. A empresa também disse que está implementando procedimentos para garantir que as informações da aeronave sejam claramente comunicadas aos pilotos e que o treinamento de segurança seja reforçado para os pilotos que voam o 737 MAX.

No entanto, a imagem da Boeing foi muito prejudicada por esses acidentes e a resposta da empresa a eles. Vários países exigiram investigações mais profundas e independentes sobre a certificação do MCAS e a comunicação da Boeing sobre o sistema. Além disso, houve críticas aos reguladores por permitir que a empresa se auto-regulasse sem monitoramento adequado.

Embora a Boeing tenha tomado medidas para corrigir os problemas do 737 MAX, ainda há muitas perguntas sem resposta sobre o que deu errado em seus processos de desenvolvimento de aeronaves e como a empresa pode recuperar sua reputação. A segurança dos passageiros e da tripulação é a principal prioridade em todas as operações aéreas, e é fundamental que as empresas aéreas e os reguladores garantam que as aeronaves sejam projetadas e operadas com os mais altos padrões de segurança.